B. Francisquini
Uma história de
traições
Tina
Toneti, pouco tempo antes de ser sagrada candidata a prefeita pelo PT de
Jacarezinho, no ano de 2004, nem em sonho antecipava a ideia de que um dia sentaria
na cadeira da capital administrativa do Norte Pioneiro. Por uma daquelas
surpresas do destino, recebeu as bênçãos do mais importante político daquela
época, o ex-prefeito de Cambará Mohamad Ali Hamzé, o Mamede, que resolveu
assumir a campanha da inexperiente postulante, que até então sabia, meia boca,
pontear um violão e cantar algumas músicas.
Literalmente,
Mamede deu de presente o mandato de prefeita para Tina Toneti. Lembro-me de uma
pesquisa que a colocava com apenas alguns pontos na corrida eleitoral. Bastou o
anúncio de que o ex-prefeito cambaraense resolvera apoiá-la, para a candidata
dar um salto na sondagem seguinte, assumindo a vice-liderança, encostada no
então líder, o ex- vice-prefeito Paulo Diniz. Amado pela pobreza, Mamede
repassou à Tina os eleitores que o idolatravam.
Vitória e
traição
Tina
ganhou prometendo que daria uma secretaria para Mamede. Nada disso aconteceu.
Em 2016, Mamede foi candidato a deputado estadual. Quando todo mundo esperava
que a prefeita devolvesse a gentileza ao homem que lhe dera o cargo de presente,
ela virou-lhe as costas, cometendo um sacrilégio com o protetor. Apesar da
traição, o ex-prefeito elegeu-se à Assembleia Legislativa, obtendo em
Jacarezinho uma votação consagradora.
Reeleição
Tina
obteve a reeleição sabendo aproveitar-se do poder que exercia na prefeitura.
Abusou de gastos publicitários, além de obter ajuda financeira de diferentes
setores da comunidade.
Família Feliz
A
felicidade não se resumia ao cargo público. Na vida pessoal Tina Toneti também
colecionava sucessos. Em 2010 casou-se com
Gilberto Ribeiro, em cerimônia concorrida, realizada na Catedral Diocesana de
Jacarezinho e que contou com a presença de convidados ilustres, como o
ex-governador Requião. Um ano antes do casamento abriu uma microempresa, a
Ribeiro e Toneti Montagens Industriais ME Ltda. - que em apenas três anos já
apresentava faturamento superior a R$ 2,5 milhões, a maior parte referente a
obras públicas para prefeituras. Trocou os sons dos acordes musicais como
cantora pelo barulho ensurdecedor das máquinas e equipamentos de construção. A
velha Kombi azul claro em que se locomovia, fazendo propagandas sonoras ou
shows musicais nos bairros e na zona rural, foi substituída por um reluzente C4
Pallas.
Pequena mansão
A
jovem empresária construiu uma ampla e confortável residência no pequeno módulo
rural que adquiriu antes de se tornar prefeita (Banco da Terra), com área de
aproximadamente cinco hectares. Além de escapar das elevadas taxas municipais e
do IPTU, o jovem casal dispõe da privacidade e da tranquilidade proporcionadas
pela casa no campo, às margens da PR-431, avaliada em R$ 400 mil.
Até o pai
No
mesmo período, seu pai, Carlos Toneti, também construiu sua casa que, apesar de
mais modesta – avaliada em R$ 100 mil – tornou mais confortável a vida do
trabalhador rural e de sua esposa, Rosi Toneti, professora municipal aposentada.
Nesse mesmo tempo, o irmão de Tina, Felippe Toneti, concluiu a faculdade e teve
a chance de estudar música, sua grande paixão, no exterior.
Decadência
Tina
saiu da prefeitura e passou a dedicar-se à sua empresa. Da mesma forma que não
elegeu sucessor, a ex-prefeita passou a colecionar reveses na vida pessoal. A
empresa entrou em crise. Dívidas não pagas e cobradas judicialmente chegam a
quase R$ 2 milhões, fora os débitos trabalhistas que estão sendo cobrados na
Vara do Trabalho de Jacarezinho. Ela diz que deve cerca de R$ 150 mil de
indenizações trabalhistas. Advogados do setor dizem que é muito mais.
Derrocada
O
carrão C4 Pallas, foi levado por oficiais de justiça porque não foi pago. A empresa
está fechada. O sitio de 2,5 alqueires está penhorado. Se for a leilão
judicial, com a propriedade vai o casarão que Tina construiu para si e a bela
casa de seus pais.
Desespero
Como
nunca na vida, Tina se vê num beco sem saída. Precisa eleger-se a qualquer
custo. Num breve estudo realizado por um amigo deste colunista, somente as
dívidas oficiais com credores (R$ 1.800.000,00), sem contar os débitos
trabalhistas, um trabalhador que ganha salário mínimo levaria 170 anos para
quitar as pendências. Se Tina se elegesse e resolvesse usar metade do salário
de prefeito para o próximo exercício para pagar o que deve, (R$ 5.500 por mês),
quitaria as dívidas num prazo de 27 anos. Em resumo, acho que seus credores,
incluindo os trabalhadores de sua falida empresa, se ferraram!